quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Atividade especial no último dia do XXX CBP


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Dentre a programação do último dia do XXX CBP, destaque para a  atividade especial em dependência química. Com o tema “Uso da Maconha,  Crack e Cocaína no Nordeste Brasileiro – Epidemiologia e Implicações  para a Política de Saúde Mental”, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira abriu  a palestra apresentando dados alarmantes sobre o consumo de drogas no  País.
 Segundo ele, no Brasil, 7% dos adultos já experimentaram maconha, e 3%  fez uso da droga no último ano. “Isso significa três milhões de pessoas  consumindo regularmente, e o número de usuários é muito próximo ao dos  que fazem uso da cocaína”, disse.
 Uso combinado
Ronaldo Laranjeira explicou sobre o consumo de maconha associado à  cocaína. Os dados mostram que a combinação das duas drogas é estável:
67% dos usuários de cocaína experimentaram maconha, e 41% usuários de  maconha usaram cocaína. Há também o agravante do uso antes do 18 anos.
“A estimativa é que na menoridade 45 % já usaram a maconha”, afirmou o  médico psiquiatra.
 Ranking
O Canadá está na lista dos países que mais se usa maconha, com 44%. Já  o Brasil aparece em 17º lugar, com 7%. Para Ronaldo Laranjeira, os  países mais flexíveis às leis são os que largam na frente. “O Brasil tem  medidas restritivas quase iguais as do Japão, que está na 18ª posição da  lista, mas isso não significa que devemos abondar as medidas de  prevenção da droga”.
 O impacto na saúde pública
Os dados mostram, ainda, que 22% da população conhece alguém que já  usou cocaína e 30% pretendem voltar nos últimos meses. “Trata-se de uma  questão de saúde pública, já que apenas 1% buscou tratamento. Vale  lembrar as regiões de risco. O Sudeste tem a maior polução usuária de  cocaína de crack, já o Nordeste aparece em 2º lugar”, afirmou Ronaldo  Laranjeira.
 Legalização
No fim de sua palestra, Ronaldo Laranjeira falou sobre a legalização da  maconha no Brasil: 75%  são contra a legalização e 11%  são a favor do  consumo. “Precisamos ficar atentos à região Nordeste, o qual é mais  crescente. Isso é devido ao consumo recente e precoce na região”,  avaliou.
 Seguindo a programação, o psiquiatra Marcelo Ribeiro palestrou sobre a  Epidemiologia e História Natural do Consumo de Crack.  No quesito  evidências de consumo, existe um parâmetro de usuários. “Normalmente são  jovens do sexo masculino, com baixa escolaridade, antecedentes  familiares e situações agravantes de abusos na infância”, falou.
 Marcelo também explicou que, nesse quadro de maior predisposição dos  usuários, de um modo geral, todos têm tendência ao início precoce de  consumo de substancias psicoativas e concomitante de outras drogas,  especialmente o álcool, o tabaco e a maconha.
  Marcos Zaleski também deu sua contribuição somando conhecimento sobre  tratamento para a dependência da cocaína e crack no País. O psiquiatra  explicou que os  usuários de crack são os que menos buscam ajuda e, na  maioria das vezes  buscam atenção especializada em situação agudas  clínicas, com diagnósticos de HIV, por exemplo.
 O psiquiatra esclareceu que os usuários buscam tratamento dentre seis e  sete anos de uso do crack.  O tratamento deve ser feito com internação -  que depende da gravidade do caso ou ambulatorial. “Deve dispor de equipe  multidisciplinar, intervenções psicossociais, monitoramento e testagem  laboratorial”, afirmou.
 Sobre o gerenciamento de casos, Marcos Zaleski finalizou a palestra  ensinando a importância de se agir com honestidade e um plano de  tratamento estruturado. “É preciso deixar claro as possibilidades de  intervenção, inclusive a involuntária, e isso tem que acontecer deste o  contato imediato com o paciente, a fim de evitar que ele perca a  segurança que tem com o medico psiquiatra”.

GAUF - Grupo de Apoio aos Usuários e Familiares